Visitas ao dentista durante a gestação

Durante a gestação, os hormônios femininos aumentam consideravelmente, o que acarreta diversas mudanças no corpo da mulher e até mesmo na saúde bucal. Essas alterações podem resultar em modificações na gengiva, causando a gengivite – inflamação que ocasiona sangramentos durante a escovação dental, um aumento exagerado da gengiva entre os dentes (epúlide ou granuloma gravídico) e problemas sérios de saúde (como abortos e nascimentos prematuros, por exemplo).

Além disso, mulheres grávidas estão mais sujeitas a apresentar cáries e erosões no esmalte do dente. “O maior risco de cáries apresentado por mulheres grávidas pode ser explicado pelo aumento da acidez da cavidade oral, por uma maior ingestão de carboidratos, por um possível descuido com a higiene bucal e maior formação de placa bacteriana”, explica Marinella Holzhausen, professora de odontologia da Universidade de São Paulo (USP). As cáries aparecem também com mais frequência nas gestantes por causa dos vômitos, já que a cavidade oral das grávidas está mais exposta ao ácido gástrico, o qual pode levar a perdas irreversíveis do esmalte dental. Sendo assim, recomenda- se não escovar os dentes após os refluxos, evitando que a acidez da cavidade oral, juntamente com a ação mecânica da escova de dente, provoque a erosão do esmalte.

Bactérias envolvidas em inflamações gengivais, além de causar efeitos adversos durante a gravidez, podem estar associadas a um maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes e infecções pulmonares nas futuras mamães.

Para permitir o desenvolvimento normal do feto há uma diminuição da imunidade da mãe. Esta alteração pode resultar em uma menor capacidade de defesa contra agressões externas (invasão de bactérias orais) na gengiva, levando a uma maior predisposição à gengivite. Se a doença não for tratada adequadamente, poderá evoluir para a periodontite, uma inflamação que destrói o osso e outras estruturas de suporte do dente, podendo levar à perda dentária. Mais comum nos segundo e terceiro trimestres da gravidez, afeta cerca de 50% das mulheres.

Doenças graves

Segundo Márcia Vasconcelos, da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), as pesquisas demonstram a relação entre gengivites e a ocorrência de partos prematuros e o nascimento de bebês abaixo do peso. “Há a possibilidade de algumas bactérias caírem na corrente sanguínea e estimularem o trabalho de parto, além de retardo do crescimento fetal”, afirma. Já de acordo com a Marinella, o melhor a fazer quando se está pensando em engravidar é consultar um dentista. “Mulheres saudáveis ou com doença periodontal prévia podem reduzir o risco de ocorrência ou piora da doença durante a gravidez, diminuindo assim o risco de efeitos adversos, por meio de medidas simples de higiene oral”, diz. A especialista fala que estudos confirmam que algumas bactérias envolvidas em infl amações gengivais, além de causarem efeitos adversos durante a gravidez, podem estar associadas a doenças cardiovasculares, diabetes e infecções pulmonares. “As bactérias causadoras da cárie e da gengivite podem ser transmitidas ao bebê por meio da saliva da mãe contaminada. Por isso, a manutenção da saúde bucal é importante não apenas durante a gravidez, mas ao longo de toda a vida”, conclui Marinella.

Grávidas podem tomar anestesia durante procedimento odontológico?

Sim! O uso de anestesia local é seguro durante a gravidez, mas o profissional deve conhecer os anestésicos mais indicados e qual a dosagem permitida para evitar problemas de saúde para o bebê. De acordo com Márcia, quase todas as drogas atravessam a placenta, dessa forma, as gestantes constituem um grupo de pacientes que requerem cuidados. Em geral, o tratamento odontológico é seguro, principalmente no segundo trimestre da gravidez, período de maior estabilidade. O início da gravidez é uma fase mais propícia ao aborto, pois o feto ainda está se desenvolvendo e podem ocorrer malformações pelo uso de alguns medicamentos. “Durante a consulta, o dentista deve ser informado sobre as alterações da gravidez, saúde e desenvolvimento do bebê, para que ele realize um bom procedimento”, afirma Márcia. As radiografias odontológicas também podem ser realizadas em qualquer fase da gestação, pois os filmes radiográficos atuais e os protetores utilizados no corpo da gestante diminuem o risco de radiação indevida. Para a professora Marinella, visitas demoradas e estressantes, bem como o desconforto na cadeira odontológica devem ser evitados.

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