Higiene Bucal reduz segunda maior causa de infecções dentro de UTIs em até 65%

A pneumonia nosocomial é a segunda maior causa de infecções dentro de UTIs hospitalares no mundo. No Brasil, ela aumenta a incidência de morte em 25% e gera um acréscimo de 13 dias na internação do paciente. A Odontologia Hospitalar foi o tema da 14ª Jornada Científica do Hospital Santa Isabel, que pertence ao complexo da Santa Casa de São Paulo, realizada no dia 12 de julho.
“O tema é tão importante que está em votação no Congresso Nacional um projeto de lei que obriga a presença de um dentista nas U.T.I. hospitalares. Nós resolvemos nos antecipar, já que esse é um tema de saúde pública”, explica o diretor médico do Hospital Santa Isabel, Dr. Frederico Carbone Filho.

As principais doenças associadas à má higiene bucal são a pneumonia nosocomial – uma infecção do trato respiratório inferior -, a endocardite bacteriana ou infecciosa e a cárie dental. “A prevenção odontológica reduz em até 65% os casos de pneumonia nosocomial”, revela a cirurgiã dentista da USP-SP e palestrante, Sandra Oyama. Ela salienta que os custos dos protocolos preventivos podem chegar a 10% do custo do tratamento da pneumonia instalada, ou seja, além de melhorar as chances de sobrevida do paciente, a prevenção também gera uma economia significativa para o hospital.

A higienização pode ser feita pelas enfermeiras, por meio de escovação dos dentes a cada 12 horas, limpeza da saburra lingual, aspiração da secreção e utilização da clorexidina 0,12 %, um antisséptico bucal que reduz o número de bactérias na boca. “Outro procedimento importante, que inclusive é recomendado pela Anvisa, é manter o paciente na posição de 30 a 45 graus, para evitar que ele broncoaspire a própria saliva que contém inúmeras bactérias”, lembra Sandra.

No caso da endocardite – uma infecção das válvulas e endocárdio – a avaliação do quadro deve ser em conjunto, entre um cardiologista e um cirurgião-dentista. “É importante avaliar a saúde bucal do paciente e o grau de risco de desenvolver a endocardite. Existem recomendações da American Heart Association, mas a prevenção é sempre a melhor escolha”, ressalta a cirurgiã dentista.
Já a cárie é muito comum em pacientes oncológicos. “Em algumas pessoas, a radioterapia destrói o esmalte do dente e a dentina exposta provoca o que chamamos de cárie de radiação. A avaliação nesses casos deve ser muito específica e o tratamento também”, explica Sandra.

O Hospital Santa Isabel tem um corpo clínico de cirurgiões dentistas credenciados para realizar o atendimento em pacientes internados na unidade, se necessário. O protocolo de prevenção de doenças odontológicas já está sendo elaborado e será implantado em breve na UTI. “A segurança do paciente é nosso foco. Nesse sentido, estamos dando mais um passo com a criação do manual de saúde bucal”, conclui Frederico Carbone Filho.

A Jornada Científica do Hospital Santa Isabel é mensal e tem o objetivo de manter o corpo clínico atualizado sobre os mais diversos temas da medicina e como os mesmos são desenvolvidos no hospital.

Fonte: INCorporativa.

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