Como evitar a gengivite

Você é do tipo que só vai ao dentista quando sente dor e escova os dentes sempre com pressa, muitas vezes deixando de lado o fio dental e o antisséptico bucal? Pois saiba que essa falta de cuidado com a saúde da boca pode aumentar as chances de sofrer de gengivite, um mal muito prevalente em toda a população mundial. “Estamos falando de uma doença que é consequência do acúmulo de placa bacteriana na superfície dos dentes e das gengivas. Essa película aderente e incolor produz ácidos e toxinas que podem fazer com que as gengivas fiquem inflamadas, vermelhas, inchadas e sujeitas a sangramentos”, explica o cirurgião dentista Henrique da Cruz Pereira, da Academia Brasileira de Odontologia (AcBO).

A má higienização da boca é fator preponderante para o aparecimento da gengivite. “É impossível eliminar completamente as bactérias da boca. Saibam que após 40 minutos da escovação elas já se acumularam novamente, num processo que é natural. Daí a importância de fazer a remoção mecânica, constantemente”, complementa o dentista Walter Bretz, professor associado da Universidade de Nova York e professor assistente da Universidade de Pittsburgh (EUA), consultor da Oral B.

Apesar de contar com alguns sintomas clínicos claros, não é raro que a gengivite passe despercebida e evolua silenciosamente. “A doença pode provocar mau hálito persistente ou até mesmo dor e hipersensibilidade dental, gengivite! quando as gengivas, por estarem inchadas, chegam a se retrair. O sangramento também é comum, mas muitas pessoas não percebem a gravidade do problema e simplesmente ignoram esses sinais, adiando de forma indefinida as visitas ao dentista ”, atesta Pereira.

O perigo de não tratar a gengivite é maior do que parece. “Se essas bactérias entram pelo sulco gengival podem atingir a capa que envolve a raiz dos dentes, os ligamentos que prendem a gengiva ao osso e até mesmo os ossos, caracterizando a periodontite, que é um quadro mais avançado de gengivite. Nesse estágio, toda aquela estrutura que dá sustentação aos dentes pode ficar comprometida”, alerta o especialista Pereira.

Causas multifatoriais

Escovar os dentes após as refeições não é o suficiente para afastar o risco de gengivite. É preciso investir na limpeza completa (veja box Prevenir é o melhor remédio) e ainda visitar o dentista rigorosamente pelo menos a cada seis meses, já que alguns procedimentos de higienização mais profunda só podem ser feitos em consultório. “A consulta odontológica também é importante para que o dentista possa revisar com o paciente as técnicas de escovação, porque muitas pessoas, por pura falta de destreza, não conseguem remover completamente a placa. O profissional também tem condições de aconselhar em relação a outras mudanças de hábito que possam estar interferindo na saúde bucal, e é isso que também justifica a importância do contato periódico com um dentista”, afirma o cirurgião dentista Rodrigo Souza Constantin (SP).

Restaurações e próteses mal-adaptadas também podem favorecer a retenção de bactérias em suas reentrâncias e contornos, bem como aparelhos ortodônticos. Por isso mesmo, pacientes que usam esses acessórios precisam de cuidado ainda mais intenso.

Além disso, a gengivite pode estar relacionada ao uso de medicamentos e outras doenças sistêmicas. “Em geral, anticonvulsivantes, drogas que afetam a imunidade — utilizados no tratamento de doenças específicas —, e drogas bloqueadoras dos canais de cálcio podem levar à formação de lesões bucais, pois causam aumento no volume gengival”, explica Constantin. Doenças crônicas, como o diabetes, também aumentam a predisposição à inflamação gengival. “Pacientes portadores de diabetes tipo I e que são dependentes de insulina normalmente desenvolvem uma resposta inflamatória ainda mais pronunciada na presença da placa dental, em relação a pessoas não diabéticas”, esclarece o especialista.

Maus hábitos também aumentam o risco de gengivite e podem acelerar sua progressão. Beber e fumar, por exemplo, são costumes extremamente prejudiciais, porque podem irritar a mucosa bucal.

Alterações hormonais, típicas da puberdade, da gravidez e da menopausa, são outros fatores que contam no aparecimento da gengivite. Isso porque os hormônios influenciam na capacidade de defesa do organismo às tantas ameaças externas e também na circulação.

“As gestantes, em especial, estão mais suscetíveis porque, nessa fase, há uma maior vascularização local e os pequenos vasos sanguíneos da boca também se tornam mais frágeis”, diz o cirurgião dentista Mario Groisman, mestre em Odontologia£pela Universidade de Lund (SE). Por fim, a deficiência de vitamina C, o estresse prolongado e mesmo os traumas causados pela força excessiva empregada à escovação podem facilitar o aparecimento da gengivite.

Diagnóstico e tratamento

A partir de um exame clínico detalhado, o dentista consegue determinar se o paciente está sofrendo de gengivite e qual é o grau da doença. Em geral, casos iniciais de gengivite regridem a partir de uma limpeza profunda, feita em consultório, uma espécie de raspagem entre os dentes e nos sulcos das gengivas, com o objetivo de remover a placa. Em quadros mais avançados, a prescrição de analgésicos, antiinflamatórios e antibióticos complementa as intervenções clínicas. “Quando a periodontite já se instalou e comprometeu a estrutura dos dentes, outras ações são necessárias, chegando até o nível da recomposição óssea”, diz Pereira.

Fonte: Revista Viva Mais.

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